DITOS &
DESDITOS - Um adversário é um inimigo legítimo, um
inimigo com quem temos em comum uma adesão partilhada aos princípios ético-políticos da democracia. Pensamento da cientista política pós-marxista belga Chantal Mouffe, autora de Democracia, cidadania
e a questão
do pluralismo
(Política & Sociedade, 2003), do qual destaco o trecho: [...] Tal privilégio ao consenso é, na minha
visão, prejudicial à democracia porque tende a
silenciar vozes dissidentes, e é por isso que acredito que uma
abordagem que
revele a impossibilidade de estabelecer um consenso
sem exclusão é de fundamental importância para a
política democrática. Ao nos alertar contra a ilusão de que uma
democracia plena poderia ser instaurada, ela nos força a manter viva a
contestação democrática.
Uma abordagem democrática “agonística” reconhece a natureza real das suas fronteiras
e as formas de exclusão que elas englobam, ao invés de
tentar
disfarçá-las sob o véu da racionalidade e da moralidade.
[...].
ALGUÉM FALOU: O que você pode imaginar depende do que você
sabe. O segredo da felicidade é: Encontre algo mais importante do que você e
dedique sua vida a isso. Pensamento do filósofo estadunidense Daniel
Dennett, que desenvolve a filosofia da mente relacionada à ciência
cognitiva e da biologia, representante do Novo Ateísmo, identificando o "teatro
cartesiano" como sendo um local no cérebro onde se processa a consciência
e que não existe, pois admitir isto seria concordar com uma noção de intencionalidade
intrínseca. Para ele a consciência não se dá em uma área especifica do cérebro,
como já dito, mas em uma sequência de inputs e outputs que formam
uma cadeia por onde a informação se move. Ele é autor do livro A ideia perigosa
de Darwin (Rocco, 1998).
DOCUMENTO – [...] O documento não é qualquer coisa que fica por
conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações
de forças que aí detinham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento
permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente,
isto é, com pleno conhecimento de causa. [...]. Trecho extraído da
obra História e Memória (EdUNICAMP, 2003), do historiador
francês Jacques Le Goff (1924-2014).
O OUTRO, LEMBRAR
& FUTURO – [...] Pois se é justo se lembrar do futuro e
da injunção de se lembrar, isto é, a injunção arcôntica de proteger e recolher
o arquivo, não é menos justo lembrar dos outros, os outros outros, e os outros
em si e que os outros povos pudessem dizer o mesmo de outra maneira. E que todo
outro é totalmente outro. [...]. Trecho extraído da obra Mal de arquivo: Uma impressão freudiana (Relume Dumará, 2001), do
filósofo francês Jacques Derrida (1930-2004). Veja mais aqui e aqui.
UM ANEL DA TIFFANY – [...] Concentre-se em si mesmo - faça o que quiser,
quando quiser, sem ter que considerar a agenda de ninguém. [...] Algumas maçãs podres não é motivo para não
visitar o pomar. [...]. Trechos extraídos da obra A Ring From Tiffany (Goldmann Verlag, 2009),
da escritora estadunidense Lauren Weisberger, contando história
de três amigas que decidem por um pacto para mudar de vida.
UM POEMA - Quando
eu choro / sobre o mundo / me faz ver o punhado / de pássaros aleijados / que
sustentam meu peito / Cavar um buraco / na matéria / através da ponte das /
plantas e da linha pura / Permita-me morrer no / centro onde / as cores que
suspendem / a luz se cruzam a noite / Delimitar uma buraco / que me solda / e
me enche com o som / da coisa imóvel / Arme-me de ar para / ver o ar / Arme-me
com fogo para / ver o fogo / Arme-me com terra para / ver a terra / Arme-me com
água para ser / o olho da água / Ensina-me / aqueles que golpeiam a terra / e a
balança que sustenta / meu pé descalço / Eu sou o norte do cérebro / eu sou o
sul da perna / sou o centro / da mão e da língua / sou o leste-oeste / da
árvore iminente / que brota na / morta / sou a direção / quinta da voz / Vamos
ao país / do nosso bisavô / nas montanhas / onde moram / Black / Deer White /
Deer e Blue Deer / Lá onde o peiote é / uma rosa / no topo do Leunar / chupando
a formiga vertical. Poema do poeta
francês Serge Pey. Veja mais aqui.